Por: Fernando Salvatierra*

Na América Latina, enfrentamos desafios educacionais que parecem ser estruturais, especialmente para garantir o direito à educação de qualidade, com a alfabetização digital em primeiro lugar. A pandemia demonstrou a importância de superar esses desafios por meio da inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, o que nos leva a pensar: como garantir que tanto os estudantes quanto as instituições educacionais tenham os recursos necessários para ter acesso a uma educação de qualidade?

O Relatório de Monitoramento da Educação no Mundo (Relatório GEM), desenvolvido pela UNESCO, sugere que as tecnologias digitais podem desempenhar um papel fundamental na solução desse problema.

Em primeiro lugar, essa inclusão não deve se limitar apenas ao acesso a dispositivos tecnológicos, mas também ao seu uso pedagógico para melhorar a qualidade da educação. Agora é necessário explorar as tendências emergentes, como os modelos híbridos, para desenvolver e incorporar competências e habilidades digitais que permitam a compreensão além das paredes da sala de aula. Nesse sentido, é fundamental capacitar as equipes de gestão e docentes no uso educacional da tecnologia e garantir o acesso equitativo aos alunos, o que permitirá que aproveitem ao máximo seu potencial.

Ao mesmo tempo, a falta de integração tecnológica nas escolas representa um obstáculo significativo para a melhoria da gestão educacional, dificultando o registro eficiente de dados, sua análise e o uso das informações resultantes para a tomada de decisões. Sem uma infraestrutura tecnológica sólida, as instituições educacionais ficam limitadas em sua capacidade de avaliar o desempenho dos estudantes, identificar áreas de melhoria e ajustar suas estratégias pedagógicas.

Para o planejamento de tecnologias digitais na educação, há três dimensões ou áreas principais de intervenção: criação de um ecossistema digital robusto, governança eficaz e promoção de práticas pedagógicas inovadoras no planejamento de políticas educacionais. Nesse contexto, o planejamento educacional é uma ferramenta central para responder às necessidades da região.

Levando em conta esse contexto e análise, podemos dizer que a América Latina está em um momento crítico na convergência da educação e das tecnologias digitais, e que uma das principais causas disso é a falta de uma abordagem de planejamento estratégico e abrangente para todas as dimensões necessárias. Somente por meio de uma visão consensual e de longo prazo, que garanta uma transformação sustentável, será possível alcançar a qualidade e a equidade nos sistemas educacionais de nossa região.

*Fernando Salvatierra é Especialista de Programa de TIC no Escritório para a América Latina e o Caribe do IIPE UNESCO.